Cadê vocês?

Atualmente, quando saímos de casa nos deparamos com diversos estilos de pessoas. As roupas, os cabelos, os sapatos e os objetos que carregam definem um pouco do que elas são e o que acreditam. Se estamos no shopping, por exemplo, encontramos facilmente pessoas caracterizadas como emos, coloridas, roqueiras, pattys, entre outros. Mas e os praticantes de Kung Fu? Onde estarão eles? Eles podem até estar lá, no shopping também, mas nem sempre é fácil de identificá-los. Alguns levam em suas roupas o símbolo de alguma academia em que praticam o esporte, o símbolo do Yin Yang ou algum desenho relacionado à cultura chinesa, como dragões e espadas, entretanto muitas vezes estas pessoas passam despercebidas por nossos olhos. Afinal, onde se escondem os praticantes de Kung Fu?

Eles não estão tão escondidos assim. Muitos praticantes gostam de se reunir com os amigos em bares, lanchonetes, restaurantes ou em casa para conversarem sobre artes marciais, trocarem experiências e adquirirem mais conhecimento sobre a arte, a cultura chinesa e outros assuntos relacionados à prática, além de se deliciarem com os pratos orientais. Também são facilmente vistos no bairro da Liberdade, em São Paulo, onde podem encontrar diversos artefatos e objetos típicos da China e próprios para o Kung Fu como facões, nunchacos, kimonos e bastões.
Além disso, muitos praticantes de Kung Fu aproveitam os finais de semana para reunirem-se com seus amigos e treinarem o que vêm aprendendo durante as aulas em academias. Estes são encontrados em parques abertos como o Ibirapuera e o Parque Villa Lobos, em São Paulo. Em ambos os locais, os praticantes divertem-se e praticam ao ar livre e podem ser vistos fazendo movimentos complicados com o corpo com uma grande facilidade. Eles encontram nesses ambientes a liberdade para a prática e também podem reunir amigos que não sejam praticantes da arte.
Apesar de quase não os vermos, os praticantes de Kung Fu estão mais presentes do que imaginamos. Podem ser vistos tanto nos locais relacionados à prática, como em locais comuns a muitas outras tribos como cinemas, teatros, restaurantes e shoppings. Basta prestar um pouco mais de atenção e você perceberá que eles estão por perto.

Como se tornar um bom praticante de Kung Fu?

A prática do Kung Fu envolve mais do que treino e esforço. Um bom praticante deve, em primeiro lugar, aprender mais do seu próprio eu. Pra fazer, basta entender. Entender é refletir e refletir é praticar. A auto reflexão se torna presente em todos os momentos e a auto disciplina reflete tudo o que aprendeu com seu mestre.

Como educar sem ser educado? Sua posição perante outros demonstra o que você é, cumprir deveres e atender às obrigações é essencial. Deveres para com outros, obrigações que cabem a você mesmo. Para melhorar as técnicas, é importante saber observar.

Seja o que for, seu pensamento é moldado segundo sua filosofia. Abstrai-se os pré julgamentos e a mente é aberta. Aberta pro novo, para novos ensinamentos pois, na prática, ele está sempre se aprimorando. Ouvir e se questionar, refletir e praticar, entender e compreender são apenas alguns passos para se alcançar a perfeição.

Sua mente e saúde estão em primeiro lugar, seu espaço e corpo físico lhe permitem o bem estar de todos os dias. Concentração e foco são a base de sua pirâmide pessoal. Uma prática milenar praticada por homens e mulheres, jovens e idosos, chineses e japoneses, por todas as tribos.

Quer saber mais como e onde se tornar uma fera na arte?
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O que você acha, Leander?

Para sabermos um pouco mais sobre os gostos e influências daqueles que praticam a arte do Kung Fu, segue abaixo entrevista que realizamos com Leander Rodrigues Takamatsu (foto abaixo), praticante do estilo Garra de Águia, na Academia Ipiranga.
O que lhe fez se interessar pelas artes marciais?
Saúde e defesa pessoal.

Você costuma utilizar armas para a luta? Quais?
Sim, bastão, faca, tchaco e facão. A função das armas é aumentar o espaço de defesa (como uma extensão do corpo) para se proteger do oponente e atacar de forma mais precisa.

Pretende um dia se tornar um mestre ou apenas quer praticar os movimentos? E o que você vê como necessidade para se tornarm um?
Apenas praticar o esporte. Para se tornar um mestre é necessário muita disciplina, tempo e treinamento.

Além da defesa pessoal, você acredita que o Kung Fu traz outros benefícios em sua vida?
Sim. Equilíbrio emocional e auto-estima.

O Kung Fu surgiu das observações dos animais. Se você fosse um, qual seria? Por quê?
Águia, devido à velocidade, precisão e determinação.

Existem outras lutas da qual você pratica? Quais?
Atualmente não mas já pratiquei Karatê, Judo, Boxe Chinês, entre outras.

Acha que qualquer pessoa têm a capacidade de praticar Kung Fu? 
Sim, desde que tenha disciplina e tenha tempo para se dedicar ao esporte.

De todos os fatores e etapas que agregam esta arte, qual a parte que você acha mais complicada?
A parte mais difícil é administrar o tempo da luta para que não haja gasto desnecessário de energia física.

Deseja que o restante de seus familiares e/ou amigos lutem Kung Fu, como na tradição chinesa que se passa dos pais para os filhos?
Vejo o Kung fu como um estilo de vida mas cada um deve escolher o que acha melhor para sua vida.

Você acha que as mulheres são tão capazes de praticar esta arte como os homens?
Sim, quando comecei a lutar até apanhava de algumas mulheres... (risos) Força não é tudo na luta. Jeito e tempo dos golpes são fundamentais.

Fora dos ambientes de treinamento e combates, você e seus colegas de luta costumam se encontrar em outros lugares para fazer outras coisas?
Geralmente no parque do Ibirapuera para treinar e brincar um pouco.

Já precisou usar a arte do Kung Fu fora de ambientes adequados (rua)?
Sim. Estava no Carrefour e a catraca para sair do estabelecimento não abriu. Meu pai foi procurar o rapaz para destravar a catraca mas dois homens que estavam no carro de trás não queriam esperar. Sem que eu pudesse perceber, um deles me deu um tapa na cabeça. A partir deste momento foi necessário utilizar as técnicas que aprendi. Tenho certeza que os homens pensarão duas vezes em provocar alguém que não conhece. Depois foi até engraçado, pois durante a briga meu pai pedia para eu não matar os homens.

Quanto do seu tempo é destinado à prática de Kung Fu e até quando pretende praticar?
Período de 4 à 6 horas por semana. Não tenho uma data certa para isso, apenas novas oportunidades poderão mudar o rumo de minha rotina.

Zui Quan ou Estilo Bêbado

O Zui Quan, que significa "punhos bêbados" em mandarim, mas é popularmente chamado de Estilo do Bêbado ou Boxe do Bêbado, é um dos estilos de Kung Fu tradicional que imita os movimentos de um bêbado.
A postura do Boxe do Bêbado é criada pelo impulso e pelo peso do corpo, com fluidez nos movimentos. Considera-se estar entre os estilos mais difíces de Kung Fu.
As técnicas de Zui Quan são baseadas na lenda dos Oito Bêbados Imortais. Cada uma das técnicas no boxe do bêbado demonstra um atributo de um dos Imortais. Os estilos de cada um dos Imortais são combinados para dar forma a uma luta bonita e eficaz.
Além do Boxe do Bêbado, existem também os estilos da espada bêbada, do bastão bêbado, do facão bêbado e da lança bêbada.
Nas artes marciais japonesas, o estilo do bêbado também está presente, embora não muito comum e de formas diferentes, sendo chamado de Suiken (punhos bêbados), Suibo (bastão bêbado), Suichaku (nunchaku bêbado), entre outros. O Suiken é o estilo mais estranhado pelos ocidentais, pelo fato do individuo lutar realmente embreagado.

Curiosidade
Aqui no blog já falamos muito da influência de Bruce Lee para a disseminação do Kung Fu através de filmes e seriados, mas você sabia que quem mais usou o Zui Quan em seus filmes foi o Jackie Chan? Logo no começo de sua carreira ele estreiou um filme chamado "Drunk Master" (Mestre Bêbado), que depois de um certo tempo ganhou uma sequência. Além disso, Jackie Chan também usa esse estilo no começo do filme "Reino Proibido" no qual ele luta ao lado de Jet Lee.

Vídeo de Demonstração
O Vídeo abaixo mostra com clareza como os movimentos do estilo são criados pelo impulso e pelo peso do corpo.

Kung Fu ou Wushu?

Wushu (武术; como na imagem ao lado) é um termo chinês que literalmente significa arte da guerra. Este é o termo correto para o que no ocidente se passou a chamar erroneamente de Kung Fu (功夫), uma palavra chinesa que, em forma coloquial, pode significar "tempo e habilidade", "trabalho duro", algo adquirido através de esforço ou ainda competência na luta corporal.
O termo não era muito popular e por isso raramente é encontrado em textos antigos fora da Rússia. Acredita-se que, no Ocidente, a palavra foi usada pela primeira vez no século XVIII, pelo missionário jesuíta francês Marie Jean Joseph Marie Amiot. Com a imigração de chineses (cantoneses, em sua maioria) para a América, o termo começou a se difundir. Os chineses de Guang Dong (Cantor) costumavam referir-se (com este termo) a treinos de lutas mentais, atividades que requeriam muito tempo de prática ou trabalho duro sob rigorosa supervisão de um mestre competente.
Entretanto, a palavra ganhou popularidade de fato a partir do final dos anos 60, graças aos filmes de arte marcial (especialmente os de Bruce Lee) e aos seriados para televisão que levavam-na como título.

O que você acha, Marco?

Para conhecer um pouco mais sobre o universo do Kung Fu, confira abaixo a entrevista que fizemos com Marco Moura (foto ao lado), que é praticante desta arte no estilo Garra de Águia. Marco começou a treinar aos 11 anos, em 1990. Aos 15, decidiu treinar Karatê, voltando ao Kung Fu 7 anos mais tarde; tornou-se instrutor depois de 5 anos. Ao todo, são 12 anos de Kung Fu e atualmente ele treina e ministra aulas em São Paulo, Capital. 

O que lhe fez se interessar pelas artes marciais?
Meu interesse por artes marciais e filosofias orientais vem desde muito cedo. Meu pai era praticante de Karatê e eu era fascinado por tudo o que era ligado ao oriente. Naturalmente, era fã de Bruce Lee e de seriados japoneses de artes marciais, como Change-man e Jiraya. Em um dos episódios, o ninja Jiraya não conseguiu derrotar um praticante de Kung Fu e isso foi o estopim para eu decidir definitivamente o que iria treinar (risos).

Existe alguém em quem se inspirou ou se inspira para a pratica do KungFu?
Claro que admiro muitos praticantes e atores de artes marciais mas hoje em dia me inspiro muito mais na arte em si, que para cada indivíduo pode ser desenvolvida de modo particular. Me inspiro na prática sincera.

Você costuma utilizar armas para a luta? Se sim, quais armas você utiliza?
Nós aprendemos diversas técnicas de Kung Fu, muitas com armas. Treino com bastão, lança, nunchaku (liang jie gun, em chinês), facão, punhal, tonfa e espada. Algumas armas são tradicionais no Kung Fu, mas outras, como nunchaku e tonfa, foram inseridas posteriormente, pois são armas estrangeiras. Gosto bastante do facão, que é maleável e permite movimentos rápidos, cortantes, perfurantes, redondos e retos. Suas técnicas são bem amplas e é uma das armas mais tradicionais do Kung Fu, fazendo parte da maioria dos estilos.

Além da defesa pessoal, você acredita que o Kung Fu traz outros benefícios em sua vida?
Com certeza. A disciplina do Kung Fu me ensina a ser perseverante e paciente para atingir os meus objetivos. Aprendemos a ter mais respeito pelas pessoas em geral, bem como à hierarquia de professores e mestres. O Kung Fu desenvolve o corpo, melhora a saúde, serena a mente e nos torna mais focados.

Existe alguma música da qual goste de escutar quando está praticando?
Não ouço música enquanto treino, pois gosto de me concentrar na prática. Eventualmente, ouço músicas chinesas, como "nan er dang zi qiang", cantada pelo ator Jackie Chan.

O Kung Fu surgiu das observações dos animais. Se você fosse um, qual seria? Por quê?
Talvez a águia, animal do meu estilo. Ela representa força, tem uma visão ampla, é livre, bela e determinada para conquistar seu objetivo (a caça).

O Kung Fu se relaciona completamente à cultura chinesa, hábitos e costumes. Onde você aprendeu sobre essa cultura? 
O interesse pela cultura vem desde a infância, mas o meu aprofundamento nos estudos da filosofia chinesa veio mesmo após os 22 anos. Foi quando comecei a estudar budismo e taoísmo. Foi como se houvesse uma conexão chave - fechadura, como se todo o ensinamento das filosofias orientais já fizesse parte da minha visão de mundo, mas eu nunca tinha tido um contato profundo. Desde então, procuro praticar tais ensinamentos no dia a dia, continuo estudando sempre e tento transmitir aos outros um pouco do que aprendi sobre essa sabedoria tão benéfica.

Existem outras lutas da qual você pratica? Quais?
Já pratiquei Karatê. Além do Kung Fu, pratico outras artes corporais chinesas internas para o desenvolvimento energético. São elas o Qi Gong (Chi Kung), o Tai Ji Quan (Tai Chi Chuan) e o Ba Gua Zhang (Pa Kua Chang).

Você acha que qualquer pessoa têm a capacidade de praticar Kung Fu e se tornar um mestre?
Todos têm potencial para praticar Kung Fu, só depende da força de vontade. Na verdade, o próprio nome Kung Fu significa "treinar para se aperfeiçoar". Algumas pessoas têm mais facilidade do que outras, algumas chegam mais longe em menos tempo. O importante é não criar comparativos com outros praticantes e manter o propósito firme e sincero da prática. O Kung Fu tem muito mais a ver com a força de vontade do que com a habilidade, creio eu.

De todos os fatores e etapas que agregam esta arte, qual a parte que você acha mais difícil e qual mais gosta?
A mais difícil para mim continua sendo a parte física, pois estamos constantemente nos superando. Se algo está fácil, dificultamos um pouco mais para avançar um degrau acima. Algo que particularmente estou tendo dificuldade é com flexões de braço, que na minha graduação é exigida com os dedos polegares. Tenho facilidade com as técnicas de tao-lu (ou kati), sequências de movimentos com mãos ou armas.

Existem muitas mulheres que praticam esta luta, você acha que as mesmas são tão disciplinadas e hábeis quanto os homens?
Sim! Minha namorada também é praticante e tenho alunas com um potencial muito grande. Às vezes, as mulheres parecem ter mais força e determinação do que os homens. O único problema é que falam muito durante a aula... (risos)

Fora dos ambientes de treinamento e combates, você e seus colegas de luta costumam se encontrar em outros lugares para fazer outras coisas?
Sim, alguns colegas se tornam amigos, bem como os alunos, que para o professor que acompanha seu desenvolvimento desde o princípio, se forma uma relação saudável de respeito e amizade.

Já precisou usar a arte do Kung Fu fora de ambientes adequados (rua, por exemplo)? Comente.
Não. Quando era criança, houve algumas situações de desinteligências na escola, mas nada sério. De qualquer forma, eu não aplicava as técnicas marciais. Espero nunca ter que aplicar, pois o que coloco em prática são os ensinamentos fundamentais do Kung Fu: tolerância, paciência e respeito ao próximo. Em todas as aulas, começamos com uma promessa: "eu me comprometo a treinar o corpo e o espírito para a paz".

Quer saber mais sobre o estilo Garra de Águia, academias para a prática, terapias naturais, taoísmo e Tai Chi Chuan?
Então não deixe de conferir o site do Marco: http://www.dao.com.br/!

PA KUA o que?!

O Pa Kua (Pa: oito; Kua: mutações) é uma antiga filosofia chinesa que tem como base a observação da natureza. A lenda mais antiga e conhecida sobre sua origem conta que um grande sábio Chinês de nome Fu Hsi (foto à esquerda) caminhava à beira do rio Amarelo, observando a natureza com muita atenção, quando viu uma tartaruga e parou para observá-la, notando em sua carapaça os oito símbolos que se tornariam os trigramas do Pa Kua, cada um significando uma das mutações da natureza (Céu, Lago, Fogo, Água, terra, Montanha, Vento e Trovão). Fu Hsi, com os símbolos em mãos, convenceu-se de que o estudo deles era a chave para explicar todas as coisas que existem e passou a se dedicar plenamente a isso durante toda sua vida, criando discípulos que continuaram seus estudos após sua morte.

Aproximadamente no ano de 1860, Dong Hai Chuan, baseando-se na filosofia do Pa Kua, criou o Buagua Zhang (palma dos oito trigramas) que, apesar de ser um tipo de Kung Fu relativamente jovem, ganhou fama rapidamente e hoje é conhecido como uma das três principais artes marciais na China. O Buagua Zhang é caracterizado pelos seus movimentos circulares, que têm como objetivo evitar confrontos de força direta ao escapar pelos lados e se posicionar atrás do oponente. E também há, como em muitos outros tipos de Kung Fu, a representação de animais, que no caso do Buagua são oito, cada um representando um dos trigramas do Pa Kua e sendo responsáveis pelos movimentos das palmas.

Cada estilo de Buagua possui diferentes animais para cada trigrama mas, no geral, os animais representados são o Galo, o Unicórnio, o Macaco, o Leão, a Serpente, o Dragão, o Urso e a Fênix. Cada animal possui movimentos diferentes, captados da observação deles em natureza (ou, no caso de animais místicos, de seu comportamento em lendas).

O Pa Kua, por ser uma filosofia que tem como objetivo explicar a existência e o porquê de todas as coisas, não deu origem apenas à arte marcial mas também a outras aplicações, como o Feng Shui, uma arte ou ciência que estuda o comportamento dos homens e do ambiente conforme o fluxo de energia.