O que você acha, Marco?

Para conhecer um pouco mais sobre o universo do Kung Fu, confira abaixo a entrevista que fizemos com Marco Moura (foto ao lado), que é praticante desta arte no estilo Garra de Águia. Marco começou a treinar aos 11 anos, em 1990. Aos 15, decidiu treinar Karatê, voltando ao Kung Fu 7 anos mais tarde; tornou-se instrutor depois de 5 anos. Ao todo, são 12 anos de Kung Fu e atualmente ele treina e ministra aulas em São Paulo, Capital. 

O que lhe fez se interessar pelas artes marciais?
Meu interesse por artes marciais e filosofias orientais vem desde muito cedo. Meu pai era praticante de Karatê e eu era fascinado por tudo o que era ligado ao oriente. Naturalmente, era fã de Bruce Lee e de seriados japoneses de artes marciais, como Change-man e Jiraya. Em um dos episódios, o ninja Jiraya não conseguiu derrotar um praticante de Kung Fu e isso foi o estopim para eu decidir definitivamente o que iria treinar (risos).

Existe alguém em quem se inspirou ou se inspira para a pratica do KungFu?
Claro que admiro muitos praticantes e atores de artes marciais mas hoje em dia me inspiro muito mais na arte em si, que para cada indivíduo pode ser desenvolvida de modo particular. Me inspiro na prática sincera.

Você costuma utilizar armas para a luta? Se sim, quais armas você utiliza?
Nós aprendemos diversas técnicas de Kung Fu, muitas com armas. Treino com bastão, lança, nunchaku (liang jie gun, em chinês), facão, punhal, tonfa e espada. Algumas armas são tradicionais no Kung Fu, mas outras, como nunchaku e tonfa, foram inseridas posteriormente, pois são armas estrangeiras. Gosto bastante do facão, que é maleável e permite movimentos rápidos, cortantes, perfurantes, redondos e retos. Suas técnicas são bem amplas e é uma das armas mais tradicionais do Kung Fu, fazendo parte da maioria dos estilos.

Além da defesa pessoal, você acredita que o Kung Fu traz outros benefícios em sua vida?
Com certeza. A disciplina do Kung Fu me ensina a ser perseverante e paciente para atingir os meus objetivos. Aprendemos a ter mais respeito pelas pessoas em geral, bem como à hierarquia de professores e mestres. O Kung Fu desenvolve o corpo, melhora a saúde, serena a mente e nos torna mais focados.

Existe alguma música da qual goste de escutar quando está praticando?
Não ouço música enquanto treino, pois gosto de me concentrar na prática. Eventualmente, ouço músicas chinesas, como "nan er dang zi qiang", cantada pelo ator Jackie Chan.

O Kung Fu surgiu das observações dos animais. Se você fosse um, qual seria? Por quê?
Talvez a águia, animal do meu estilo. Ela representa força, tem uma visão ampla, é livre, bela e determinada para conquistar seu objetivo (a caça).

O Kung Fu se relaciona completamente à cultura chinesa, hábitos e costumes. Onde você aprendeu sobre essa cultura? 
O interesse pela cultura vem desde a infância, mas o meu aprofundamento nos estudos da filosofia chinesa veio mesmo após os 22 anos. Foi quando comecei a estudar budismo e taoísmo. Foi como se houvesse uma conexão chave - fechadura, como se todo o ensinamento das filosofias orientais já fizesse parte da minha visão de mundo, mas eu nunca tinha tido um contato profundo. Desde então, procuro praticar tais ensinamentos no dia a dia, continuo estudando sempre e tento transmitir aos outros um pouco do que aprendi sobre essa sabedoria tão benéfica.

Existem outras lutas da qual você pratica? Quais?
Já pratiquei Karatê. Além do Kung Fu, pratico outras artes corporais chinesas internas para o desenvolvimento energético. São elas o Qi Gong (Chi Kung), o Tai Ji Quan (Tai Chi Chuan) e o Ba Gua Zhang (Pa Kua Chang).

Você acha que qualquer pessoa têm a capacidade de praticar Kung Fu e se tornar um mestre?
Todos têm potencial para praticar Kung Fu, só depende da força de vontade. Na verdade, o próprio nome Kung Fu significa "treinar para se aperfeiçoar". Algumas pessoas têm mais facilidade do que outras, algumas chegam mais longe em menos tempo. O importante é não criar comparativos com outros praticantes e manter o propósito firme e sincero da prática. O Kung Fu tem muito mais a ver com a força de vontade do que com a habilidade, creio eu.

De todos os fatores e etapas que agregam esta arte, qual a parte que você acha mais difícil e qual mais gosta?
A mais difícil para mim continua sendo a parte física, pois estamos constantemente nos superando. Se algo está fácil, dificultamos um pouco mais para avançar um degrau acima. Algo que particularmente estou tendo dificuldade é com flexões de braço, que na minha graduação é exigida com os dedos polegares. Tenho facilidade com as técnicas de tao-lu (ou kati), sequências de movimentos com mãos ou armas.

Existem muitas mulheres que praticam esta luta, você acha que as mesmas são tão disciplinadas e hábeis quanto os homens?
Sim! Minha namorada também é praticante e tenho alunas com um potencial muito grande. Às vezes, as mulheres parecem ter mais força e determinação do que os homens. O único problema é que falam muito durante a aula... (risos)

Fora dos ambientes de treinamento e combates, você e seus colegas de luta costumam se encontrar em outros lugares para fazer outras coisas?
Sim, alguns colegas se tornam amigos, bem como os alunos, que para o professor que acompanha seu desenvolvimento desde o princípio, se forma uma relação saudável de respeito e amizade.

Já precisou usar a arte do Kung Fu fora de ambientes adequados (rua, por exemplo)? Comente.
Não. Quando era criança, houve algumas situações de desinteligências na escola, mas nada sério. De qualquer forma, eu não aplicava as técnicas marciais. Espero nunca ter que aplicar, pois o que coloco em prática são os ensinamentos fundamentais do Kung Fu: tolerância, paciência e respeito ao próximo. Em todas as aulas, começamos com uma promessa: "eu me comprometo a treinar o corpo e o espírito para a paz".

Quer saber mais sobre o estilo Garra de Águia, academias para a prática, terapias naturais, taoísmo e Tai Chi Chuan?
Então não deixe de conferir o site do Marco: http://www.dao.com.br/!

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